Évelin Diogo Lorca
Chegou
o tão esperado dia, o dia de embarcar para meu intercâmbio em Madri. Só eu sei
o quanto batalhei para que esta viagem, ou melhor, este sonho se tornasse
realidade. Tive que abrir mão de muita coisa, inclusive do meu amor, o Gabriel.
Mas acredito que em primeiro lugar devem vir os nossos sonhos. Resolvi ir
sozinha para o aeroporto, não gosto de despedidas. Chamei o táxi. Quando ele
chegou, dei uma última olhada na minha casa, para que ficasse com a lembrança
dela na mente durante esse próximo ano que ficaria fora.
Quando
estávamos próximos do aeroporto ouvi um estrondo muito forte. Então me vi caída
no chão, muitas pessoas estão ao meu redor. Não entendo o que aconteceu. Sinto
uma dor enorme na minha cabeça, tento pedir ajuda, mas é em vão, eles não me
ouvem. Ouço então sirenes vindas em direção onde estou e algumas pessoas de
branco me recolhendo para colocar na ambulância.
Sinto uma dor enorme na minha cabeça, tento pedir ajuda, mas é em vão, eles não me ouvem.
Chegamos
ao hospital, todos abrem espaço para que possam passar com a minha maca. Ainda
não entendo o que está acontecendo, mas me preocupo, por que ninguém me escuta?
Por que eles não ouvem o que eu digo?
Vejo
de longe, são meus pais. Gabriel está com eles também. Todos choram
desesperados, tento dizer para eles se acalmarem, que estou bem, mas eles
também não me escutam. Um médico se aproxima e ouço-o dizer que terei que fazer
uma cirurgia urgentemente, pois o acidente foi grave.
Desespero-me, não posso morrer, não agora! Tenho uma vida
pela frente, meus sonhos como ficam? A viagem que tanto esperei acontecer? Não,
não me deixem morrer! Corro até
onde está meu corpo, ali parado sem nenhuma ação, vejo sangue por todo ele. A
cirurgia já dura horas, quando finalmente o médico sai da sala.
Meus pais e o Gabriel o olham com apreensão. Ele então diz que fizeram tudo que estava ao seu alcance, mas infelizmente não tinham obtido êxito. Agora estava a critério de eles decidirem o que fariam, se desligariam os aparelhos ou não.
Meus pais e o Gabriel o olham com apreensão. Ele então diz que fizeram tudo que estava ao seu alcance, mas infelizmente não tinham obtido êxito. Agora estava a critério de eles decidirem o que fariam, se desligariam os aparelhos ou não.
Meu mundo desmorona, eu não quero ir, não posso deixar eles
que amo tanto. Dói-me
pensar nisso, mas me dói mais ainda saber que não disse isso a eles, eu passei
tanto tempo preocupada com meus sonhos, com a minha estabilidade, em ser
independente com esta viagem, que acabei esquecendo de dizer a eles o quanto
são especiais para mim e o quanto eu os amo.
Meu mundo desmorona, eu não quero ir, não posso deixar eles que amo tanto.
Eles
estão sem reação. Seguem até o quarto onde estou e eu os sigo. Primeiro meus
pais entram. É terrível vê-los tão desmoronados assim, eles choram em cima de
mim e eu queria poder abraçá-los, mas eles nem sequer sentem meu toque.
Desnorteados em me ver naquela situação e certos que deveriam me deixar ir,
saem da sala para que Gabriel possa se despedir também.
Ele
entra no quarto, seu rosto está vermelho, seus olhos inchados. Nunca o vi
assim. Só queria poder dizer a ele que o amo. Gabriel se aproxima e pega na
minha mão. Sim, eu senti seu toque, e então o ouço dizer:
-
Ana, você não pode ir, eu preciso de você aqui! Não sei ficar sem você, eu te
amo!
Nisso,
sinto algo estranho, uma força me invade e me faz ter coragem para lutar. Vejo
uma luz muito forte, que me guia. Eu preciso voltar! Então abro os olhos.
Aperto a mão de Gabriel e digo que o amo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário