segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Uma viagem (muito) estranha

João Vitor Taborda Salla

Era um final de semana qualquer, comum, sem notícias impactantes, tampouco novidades. Preparava minhas malas, mochilas e tralhas para algo que seria uma viagem um tanto quanto interessante. Sairíamos de Santa Cruz do Sul/RS, rumo a Coronel Procópio/PR. Pouco mais de mil quilômetros de estrada, onde o mais importante seria o meio desse contexto. O carro em que iríamos era da mãe de uma amiga minha, um pouco mal cuidado, mas, de certa forma, propício para a nossa aventura.
A gente iria sair pela manhã, bem cedinho. Então não perdi tempo, e fui arrumar minhas coisas. Meu irmão me indagou sobre o que eu levaria de bagagem, que não era pra levar tantas coisas, pois era verão, e ficaríamos poucos dias por lá.
- Ah, mano, tô levando meus bagulhos normais. Skate, um cd novo do Projota – caso a galera que for junto resolva colocar aquelas músicas melancólicas do Luan Santana, Jorge e Mateus etc. Também tô levando a minha câmera fotográfica. Enfim, essas coisas – respondi ao meu irmão.
Terminei de arrumar minhas coisas, passei todos os episódios das minhas séries favoritas para meu HD externo, para talvez assisti-las durante a viagem, arrumei as roupas e fui dormir.



Logo, já acordei cedo - por volta de umas quatro e meia da manhã. A galera já passou para me buscar em casa, e “largamos” rumo a Coronel Procópio. Durante a viagem, várias pausas para fotos, selfies etc. Foi então que – visível e premeditadamente – colocaram aquelas músicas melancólicas, sobre as quais citei os cantores acima. Puxei meus fones de ouvido, coloquei FarAway, da banda canadense Nickelback, e fechei meus olhos para tentar me desligar daquele “mundinho” o mais rápido possível.
Olhei para os lados, todos haviam sumido, havia somente eu no carro, e o mesmo estava parado no meio daquela rodovia deserta.
Acordei ouvindo algo estranho, que parecia uma fusão de O Nome Dela é Rapariga, de Naiara Azevedo, com um funk music, desses famosinhos como Baile de Favela, de Mc João. Olhei para os lados, todos haviam sumido, havia somente eu no carro, e o mesmo estava parado no meio daquela rodovia deserta, quase que como (aí vem outra citação) o episódio piloto da série The Walking Dead - onde o protagonista acorda sozinho no hospital. Foi quando fiquei desesperado, saí do carro, e entrei na mata para procurar meus amigos, tentar encontrá-los.
Nisso, ouço um boooom, essa onomatopeia faz com que eu olhe para os lados, neste momento começo a ver tudo em chamas – como descrito no texto O Final, ou o Começo de um Novo Mundo, de Betina Cesa. Parecia tudo devastador, tudo queimando e explodindo. Foi quando as explosões me alcançaram, e, após um tempo, começo a ouvir uma voz familiar, que dizia:
- Vamos, acorda. Vamos, se mexe.
Começo a perceber que a voz se trata de Olívia, minha amiga, filha da mulher que nos emprestou o carro.
Começo a perceber que a voz se trata de Olívia, minha amiga, filha da mulher que nos emprestou o carro. Percebo que estou só no carro novamente, mas desta vez em um lugar mais movimentado, com buzinas e barulho de carros. Antes que me desse conta, Olívia já estava me falando:
- Vamos, dorminhoco, você dormiu quase a viagem inteira! Só mais essa foto e já estamos quase chegando.
Precioso momento em que fiquei aliviado. Meus amigos não haviam sumido, eu não estava inserido na vida real de uma série fictícia, muito menos estava ouvindo aquelas músicas desagradáveis. Eu apenas tinha ido para uma área em que fiquei preso nos meus próprios pensamentos, imaginando coisas, preocupado, e vendo o fim do mundo (sem alienígenas). É, podemos chamar isso de viagem.

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