segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Viajando para o fim do mundo

Mariane Ramos Santos

Era verão, passávamos as férias em uma cidadezinha do interior chamada Itaju, com pouco mais de 5 mil habitantes. Todos os moradores conheciam uns aos outros e meus pais decidiram que seria um ótimo lugar para curtir as férias. Era uma tarde de domingo, o céu estava lindo e eu estava deitado no gramado do quintal observando a movimentação das nuvens, pisquei. No mesmo instante, alguém dentro da casa ligou o rádio e todas as estações anunciavam que o mundo acabaria naquele dia.
Ainda não se sabia como, mas acabaria. Talvez um ataque de zumbis? Ou o sol queimaria a terra inteira? Tsunami? Furacão? Olhei novamente para o céu, pensei em ir correndo abraçar minha família, meus amigos, mas refleti: Impossível, esse dia tá lindo.
Começou a correria na cidade, as pessoas só falavam sobre o fim do mundo, mas eu? Eu caminhava tranquilo, tinha fé de que aquilo era boato, conversa fiada, alguém querendo causar polêmica. Enfim 13h, com todo o movimento da pequena Itajuzinha todos se dirigiam até o mercado e compravam tudo o que podiam para fazer estoque de alimentos em suas casas caso o inesperado acontecesse realmente.
Mas eu, Lucas, estava despreocupado, nada tirava da minha cabeça que isso era apenas uma mentira iguais às de outros anos. O mundo acabar em pleno ano de 2039? Não! O mundo ainda era muito novo para acabar.
Meus pais também estavam no supermercado, então sem almoço fui até uma lanchonete no fim da rua. “Eu quero um hambúrguer completo, batata frita e uma Coca-Cola”. O garçom me olhou rápido e apavorado. “Garoto, nós já estamos fechando, você não está ouvindo as rádios? Estão mandando todos ficar em casa”. Com fome, voltei para a casa com esperança de encontrar algo para comer. Meus pais ainda não haviam voltado, então de repente ouvi um barulho, parecia um zunido misturado com um estrondo muito grande. Abri a janela, e não avistei nada tudo parecia normal, resolvi sair e olhar a rua inteira.



Quando avistei aquilo, dei um grito, entrei em pânico, apavorado voltei para dentro de casa. Meu Deus, eu estava ficando louco, aquilo não podia ser real?! Zumbis? Acompanhados de insetos gigantes???? Eu estava delirando, até porque aquilo não existia, era impossível! Minha família chegou em casa, assustados nos escondemos no porão. Peguei o notebook com o resto de bateria que restava e comecei a pesquisar possíveis causas que explicassem aquela situação horrível.
Notícias de testes realizados pelo exército com armas biológicas apareceram nas minhas redes sociais. Estava explicado! Algo havia dado errado. Mas como seria possível destruir essas coisas horríveis e salvar o mundo? Esperamos passar a multidão de zumbis e corremos para o carro. Meu pai dirigia muito rápido, chegamos à ponte e o trânsito parou. Pessoas se atiravam na frente dos carros pedindo por carona, adultos, jovens, crianças, parecia um filme de terror. Policiais atiravam em quem estava se transformando em zumbi. 
Não tinha como atravessar a ponte, e se saíssemos do carro seríamos mortos. Meu pai acelerou muito forte, passou por cima de todos que estavam ali. Seguimos viagem para o lado norte do país, íamos parando em postos de gasolina e abastecíamos onde ainda restava algo. Fomos obrigados a viajar para encontrar um lugar onde existisse esperança.



Viajamos por dias, passando por lugares totalmente destruídos, a vegetação estava morrendo. Em algumas cidades como a nossa, a destruição era pior, mas conforme nos dirigíamos na direção norte o caos ia diminuindo e chegamos a cidades em que ele ainda nem havia chegado.
Levei um susto. Acordei no meio do quintal ainda deitado na grama. Meu Deus! ERA UM SONHO, NÃO ERA REAL! Pulei, gritei, corri para dentro de casa, tudo estava no seu lugar. As pessoas que passavam pela rua eram humanas, sem zumbis, ou insetos gigantes. Que alegria, nossa terra estava a salvo.
Meus pais estavam se ajeitando para ir até a praia e curtir nossa viagem. Eu nem acreditava que tudo aquilo foi apenas um sonho, parecia tão real. Eu só tinha a agradecer por não ser verdade. Peguei minha prancha de surfe e fui até a praia com meus pais e meus irmãos, então senti que podia compartilhar com eles o meu terrível sonho.
Meu pai me aconselhou a esquecer tudo aquilo e explicou que às vezes é preciso tirarmos umas férias para viajar e sair da rotina pois senão nós mesmos nos tornamos nossos monstros diários, só pensando em trabalhar sem aproveitar a vida. Decidi que esqueceria aquilo tudo e que aproveitaria cada minuto. Foi incrível. Abandonei a rotina e foi libertador. Sem pesadelos pelo resto das férias!!

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